quarta-feira, 15 de junho de 2011

Letra e música

O teatro sempre lota. Procurando diversão ou cultura, as pessoas vão adentrando e se acomodando. Mesmo de longe, é possível ouvi-las. As conversas, nem tanto. Só o burburinho, a inquietação pré-espetaculo. Após o terceiro sinal, as luzes se apagam e os holofotes se esquentam. Ao movimento do maestro, as notas se agrupam e a música ecoa pelo salão. É hora de entrar em cena e enfrentar a multidão.


O pulso continua calmo de tanto treino e o fôlego toma forma. Ao abrir a boca, as palavras fluem, subindo e descendo oitavas, declamando e gritando páginas e mais páginas de texto, lidas e relidas incessantemente até o decoro. A reação do público é sempre a mesma, risos e aplausos. Os agentes mudam, mas as ações continuam. Não há muito que esperar de novidade, a não ser que um colega mude o texto espontaneamente. Certamente seria interessante, desde que mais uma vez respondido com fervor da plateia. Passam-se atos e árias, até o clímax.

A história chega ao fim. Pelo menos a encenada, já que a conclusão cabe a quem assiste. As luzes se acendem novamente e entre os aplausos – sempre em pé, a música volta a tocar, para que todo o elenco, já revertido em simples atores, possa agradecer. A música cessa de vez e a plateia continua maravilhada. Incluindo eu, que passo a vida perto do palco sem estar nele.

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