segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

A morte é uma caixinha de surpresas.

Meu avô morreu. Há três anos.
Não foi muito inesperado, já que ele estava doente há muito tempo e internado por quase um mês. Mas mesmo assim, se alguém nos diz "João morreu" é sempre um choque. E a notícia me veio pela manhã, dia nove de fevereiro.
Horas depois, à noite, deu-se o velório.
Por ser uma pessoa incrivelmente conhecida na cidade, meu avô recebeu um número descomunal de amigos e conhecidos, todos dispostos a prestar uma última homenagem ao lado do finado companheiro. Eu fiquei ao lado do café, bebericando copinhos e comendo deliciosos salgadinhos. Como velórios costumam se estender pela madrugada, este não seria diferente. Mas vamos voltar um pouco, ainda durante a noite.
Era chegada a hora da oração, e um par de chinelos azuis entra no recinto. Cida. Desta vez, ela veio armada. Com um saquinho engordurado em mãos, ela se dirigiu à primeira sala, onde estavam todos. Desbravando seu caminho por entre a selva de condolentes, a dama da noite chegou até o anfitrião e repousou sua sacolinha. Em cima do caixão.
Houve um burburinho. Meu tio quase perdeu a compostura e o constrangimento reinou. No velório, só os vivos morrem de vergonha. Um outro tio entrou no meio e levou a indigente para o outro lado do recinto. O café, onde estava quem vos fala.

To be continued.

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